6 de nov. de 2013

Minhas vontades 1

As vezes sinto uma vontade tremenda de escrever. Gosto de escrever de tudo: sobre princesas encantadas, pântanos mal-assombrados, entre outras coisas.
Sempre achei minha vontade de escrever estranha, porém interessante, mas guardo ela só pra mim.
Eu sou a Beatriz, tenho 11 anos e nunca contei sobre minhas vontades. Já quis contar à minha mãe, mas não deu certo. Ela sempre anda ocupada com o trabalho, que nem comentei.
Se eu não contasse para ninguém, acho que ela iria explodir em meu peito. Foi aí que conheci a minha professora de português, Teresinha. Pra mim, ela foi a mãe  que não tive. Ela não era que nem minha mãe. Ela nunca estava ausente.
Com Teresinha, eu conversava de tudo (até sobre minhas vontades). Até que um dia ela me deu um livro chamado "A bolsa Amarela". Como eu adorava ler, "comi o livro com os olhos" e, depois que li, me lembrei da vontade de escrever. Ela estava tão pequena que havia esquecido.
Pedi para minha mãe quarenta e cinco reais. Ela me deu e fez outra coisa que eu achei impressionante. Ela me pediu desculpas por estar ausente por todo esse tempo e disse que não iria mais acontecer. Não sei se foi impulsivo, mas dei um abraço nela bem forte e contei tudo o que tinha acontecido.
Acho que ela ficou feliz. Ela disse que iria no shopping comigo, que iríamos comprar uma bolsa linda. E ela não mentiu. A bolsa era linda. Não era igual a da menina do livro, mas era linda. Era assim: tinha quatro bolsos do lado de fora e seis do lado de dentro. Era rosa claro, com um lacinho pendurado de cada lado.
Daí em diante, a vontade de escrever foi ficando bem pequenininha e eu estou tentando fazer um livro, pra ver se a vontade some de vez.

(Baseado no livro "A Bolsa Amarela", de Lígia Bojunga)

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